Wednesday, December 26, 2007

Rubens Barra: o Turfista

Quando comecei a namorar a Gilda, no início de 1963, fui apresentado ao Cel. Rubens Barra e D. Elza no Círculo Militar do Paraná. Na conversa, logo “de cara”, ele disse que admirava meu pai Mário como bom cavaleiro e turfista, lembrando o nome de duas éguas argentinas pertencentes a papai que fizeram sucesso no Hipódromo do Guabirotuba nos idos de 1940: Oreade (castanha escura, quase preta) e Jocasta (alazã). Fiquei surpreso – pois não sabia que o Coronel era um turfista fanático – conhecendo-o apenas de vista, da rua XV de Novembro, quando ele se reunia à tarde ao final do expediente para um “papo” com um grupo de militares de diversas armas e patentes. Pelo emblema da farda percebi tratar-se de um oficial de infantaria e não de cavalaria.


Mas o assunto turfe rendia longas conversas comigo, ajudando a quebrar “o gelo” nos primeiros tempos quando eu ia namorar a Gilda no apartamento do Edifício Victor do Amaral. Ele me contava que começou a freqüentar o Hipódromo Derby Club (local onde se situa o Estádio do Maracanã), ainda menino junto com seu pai, Ângelo. De minha parte eu procurava expor a curta vida turfística que começou cedo no Guabirotuba em Curitiba (atual sede da PUC, onde ainda se conserva o portão principal e a arquibancada de concreto). Falava dos outros cavalos que papai teve e das cocheiras que a gente freqüentava, principalmente aos sábados – vésperas das corridas –, onde eram traçadas as estratégias para os páreos dos domingos. Quando mencionei “curta” quis me referir ao período de 1939 a 1947, pois aos poucos, com a fundação da Hípica, fui passando para o hipismo, sem desprezar completamente o turfe, que passou em 1955 para o Tarumã.


Entretanto o Coronel Barra nunca abandonou esse “hobby”. Lembro-me que ainda na fase de namoro e noivado, a Gilda –dirigindo o Fusca bege– junto com D.Elza, o levavam ao Hipódromo do Tarumã e só iam apanhá-lo após o final das carreiras (elas ficavam visitando tia Ruth Câmara Bernardi na rua Ubaldino do Amaral). Aliás, domingo era o dia em que ele almoçava mais cedo, para não perder o início do primeiro páreo!


Depois de casado e de volta de Campo Mourão para Curitiba, eu mesmo o levei ao Jockey muitas vezes e ia para a Hípica, pegando-o na volta.


Uma das grandes satisfações que ele teve foi no início dos anos 70 quando conseguiu comprar um apartamento no Rio, do Plano do Clube Militar financiado pela Carteira Hipotecária e Imobiliária do Clube Militar. No sorteio coube a ele uma unidade de três quartos, na rua Gilberto Cardoso, no Leblon, junto à Lagoa Rodrigo de Freitas. Região excelente e agradável. As janelas de dois dos quartos davam para a frente oferecendo uma paisagem lindíssima do 10º andar, enxergando-se uma parte da Lagoa, o morro do Corcovado com a imagem do Cristo Redentor abençoando a cidade, o Clube de Regatas Flamengo com as suas instalações (campo de futebol, piscinas, quadras de tênis, etc ), e o principal: todo o conjunto do Jockey Clube Brasileiro – chamado de Hipódromo da Gávea –, visualizando-se as pistas de grama e de areia e as belas arquibancadas. Com isso ele ficou bem servido, indo a pé para assistir as corridas diurnas. Quando os páreos eram disputados à noite, munido de um bom binóculo e ouvindo a transmissão pelo rádio, permanecia na janela do apê, de onde acompanhava perfeitamente as disputas, anotando os resultados no programa. Isso acontecia principalmente nos meses de inverno, quando o casal passava temporadas para fugir do frio de Curitiba.


No dia do Grande Prêmio Brasil, realizado em agosto, a prova mais tradicional do turfe nacional, D. Elza o acompanhava e permanecia horas sentada observando a elegância das madames e o charme dos páreos e também para guardar lugar, pois ele levantava-se ao final de cada corrida para ir apostar ou receber os trocados devidos às boas colocações dos animais que tinha jogado na carreira anterior.


Em maio ele comparecia sistematicamente ao Grande Prêmio São Paulo, prova máxima do Hipódromo de Cidade Jardim. Tomava o ônibus em Curitiba, hospedava-se num hotel modesto e assistia satisfeito as provas de sábado e domingo.


E assim passaram-se muitos anos nesse esquema. Porém as coisas mudaram. O Tarumã suspendeu as corridas aos domingos, realizando-as nas sextas-feiras à noite. A crise do turfe atingiu quase todos os Hipódromos, por diversas razões. As apostas e o comparecimento do público diminuíram muito, fatos que refletiram no valor dos prêmios pagos aos vencedores dos páreos.


Diante dessa situação e com o progresso da televisão via satélite, os Jockey Clubes resolveram se reunir em “pool” e as carreiras começaram a ser transmitidas diretamente, dando oportunidade a que os aficionados assistissem confortavelmente em sua residência (ou em casas de apostas) todas as reuniões turfísticas de Porto Alegre, Curitiba, Rio e S. Paulo durante toda a semana.


Com o falecimento de D. Elza, em 1999, o Cel. não foi mais ao Rio. Como permaneceram juntos muitos anos, ela em tom de brincadeira, sempre perguntava quando ele voltava do prado, se tinha trazido a bolada de dinheiro proveniente das apostas. Ele ria, despistava e dizia que ficava para a próxima vez. Só que esse fato não ocorreu durante os 64 anos em que estiveram casados.


Nos últimos anos, ele passou a acompanhar os páreos somente pela TV, sempre consultando as revistas especializadas e com o programa nas mãos.
Ele foi um dos grandes turfistas nacionais. Conhecia tudo sobre o chamado esporte dos Reis: criadores, proprietários, treinadores, jóqueis e “pedigrees”. Como era um “craque” em matemática, tinha bastante facilidade para organizar suas apostas e calcular os rateios. Fez inúmeros amigos no turfe, principalmente em Curitiba, tendo sido membro da Comissão de Corridas do Hipódromo do Tarumã.



Geraldo Paulo A. Amaral

Friday, December 21, 2007

22 de dezembro


















O dia 22 de dezembro para mim sempre foi a "abertura da temporada de comemorações de fim de ano". A data do aniversário de casamento do vô Rubica e da vó Elza vai ficar para sempre na minha memória como um dos dias mais alegres do ano. Lembro bem das comemorações no apartamento da Pedro Ivo, quando a vó organizava um delicioso banquete e convidava todo mundo. Às vezes ela jurava que o evento era "só para quem se lembrar" - mas, pelo que eu me lembro, todo mundo se lembrava, todo ano.

A turma chegava em horários diferentes, os mais velhos apareciam mais cedo e os mais ocupados, um pouco mais tarde. O esquema funcionava bem, pois sempre tinha alguma novidade acontecendo. O telefone não parava de tocar, com votos de parabéns vindos do Rio de Janeiro. Durante vários anos, eu era o telefonista oficial: corria para atender e ia chamar a vó ou vô para receber os cumprimentos. Lembro direitinho o ano em que eles estavam fazendo 44 anos de casados e a frase que era repetida a cada telefonema era "quaraquaquá!" - sempre com muita alegria e animação. Foi mais ou menos nessa época que começamos com a contagem regressiva para as Bodas de Ouro do casal. Do "alto" dos meus dez anos, a idéia de que alguém pudesse comemorar 50 anos de casamento era um evento quase milagroso - e a cada ano a data ficava mais próxima. A festa, realizada no Clube dos Engenheiros, não decepcionou ninguém.

As comemorações do dia 22 de dezembro continuaram por muitos anos e, assim como o Natal, as bodas do casal Barra vão para sempre ser uma data para se parar e pensar. O amor e companheirismo que eles sempre mantiveram servem de exemplo e inspiração. Espero que um dia possamos reunir novamente a família no dia 22 de dezembro para brindar a vida tão bem vivida que eles tiveram. E com a mesma animação daqueles aniversários.

Feliz Natal e um ótimo 2008 para todos!

Beijos e abraços, Guto Barra

Friday, June 22, 2007

"Bom Vinho e questão de grafia"


Minha amiga, Salomé, certa vez emitiu uma opinião sobre mim, que em muitos momentos me é lembrada pelo Geraldo. Ela disse que eu sou " de uma discrição milenar!" Certamente é uma das características pessoais que herdei do pai. Pouquíssimas vezes o ouvimos fazer comentários impróprios ou desairosos às pessoas.


Tal qualidade também deve ter sido muito apropriada às funções que exerceu, como por exemplo, na Segunda Seção do Quartel General, que lidava com assuntos confidenciais. Deve ter sido nessa ocasião que houve uma visita do Presidente Jânio Quadros a Curitiba, quando este determinou que ficaria hospedado na casa do Comandante da Região, que era muito bem situada na Rua XV, logo acima da Reitoria. Pois bem, só muitos anos depois é que papai comentou conosco (estritamente aos de casa), que o Presidente tinha feito a exigência de ficar na casa do General - e este teve que ir para um hotel - e ainda ordenou que se providenciasse caixas e mais caixas de um vinho português chamado " Casa da Calçada", que era de sua preferência.


Papai, que sempre preferiu uma boa gasosa ou Água Tônica a bebidas alcoólicas, nunca ouvira falar dessa marca de vinho e decerto teve que pesquisar na cidade, para abastecer a casa para a tal visita. Anos depois, sempre que mencionávamos o nome deste vinho, o pai tinha um sorriso meio maroto, como se não quisesse mostrar totalmente sua desaprovação àquelas 'exigências' - e acabávamos dando boas risadas!...


Nessa época em que ele trabalhava na Segunda Seção, por vezes ele tinha que ir até fora de hora ao Quartel para atender aos telegramas ( ainda era o tempo do Rádio, telex, etc.), que decerto só ele poderia decodificar. Não fazia comentários em casa e, para nós, era tranquilo que fosse assim. Tínhamos uma empregada doméstica - nome Virca, ou Elvira - muito simples e ingênua, além de semi-analfabeta. Para se esmerar nas tarefas, tomava nota de recados telefônicos escrevendo mal e mal o português, pois na região do interior, de onde viera, só falavam ucraniano.

Um dia, quando o pai chegou em casa, viu o seguinte recado: "Senhor Coronel é um xifrado"! Com toda a sua bondade e paciência ele só deu uma boa gargalhada, pois entendeu que o que ela queria comunicar é que havia chegado um telegrama cifrado para ele ir receber lá no Q G . Longe da empregada, ele fez um ar sério e não perdeu a oportunidade de mostrá-lo para a mamãe, como que pedindo explicações: " venha aqui, Elza, leia este bilhete ". E ... vida afora o xis da questão nos fez dar muitas risadas!

Por Gilda Barra

Wednesday, June 20, 2007

A Amizade do Ordenança

Nosso pai, quando ainda era tenente e capitão, serviu por bom tempo no 15º Batalhão de Caçadores, naquela época uma tradicional unidade de Infantaria.

Anos após sua extinção, o aquartelamento foi demolido para dar origem a um mercado municipal, com amplo estacionamento em seu subsolo, isso tudo na Praça Rui Barbosa, coração de Curitiba.

Em um dos anos que lá serviu, foi incorporado o recruta SIQUEIRA, que acabou sendo escolhido para ser seu ordenança, uma função que a meu ver não existe mais, exceção feita a unidades de Cavalaria. Não estou bem certo se o que estou afirmando tem fundamento, pois deixei a ativa do Exército há mais de 20 anos.

O ordenança tinha uma ligação estreita com seu comandante de Companhia e uma de suas atribuições era cuidar do cavalo e/ou égua, a ele destinado. Todavia, independente de tudo que fazia, o que desejo frisar foi a enorme e sincera amizade entre comandante e ordenança que perdurou por décadas, muito além da guarita do quartel.

A favor do SIQUEIRA, torna-se importante deixar claro que em seus contatos com meu pai não buscava favores. Tinha mesmo satisfação em vê-lo, conversar com ele e até mesmo pedir sua bênção.

Embora mais moço, faleceu antes que o pai. Suas atividades como ferroviário, atuando como guarda-freio em viagens em que se expunha no lado externo dos vagões, deixaram-no com saúde frágil. Assim mesmo, sempre encontrava disposição para bater um papo com o velho amigo.

Situações dessa natureza são incomuns e por certo podemos contar nos dedos oficiais do Exército que tiveram idêntico privilégio na vida.

Ronaldo, que conheceu e conviveu com SIQUEIRA mais a fundo, poderá confirmar minhas palavras e enriquecer este texto com observações mais acuradas.
Por Sylvio Barra

Monday, June 18, 2007

Prazeres do Rubica


Falar deste tema exige muita memória e assim mesmo existe grande possibilidade de cometer omissões injustificáveis, entretanto, como me propus recordar diversos aspectos da vida dos pais, para circulação em ambiente familiar, começo colocar a funcionar esta cuca um tanto deteriorada.

Aos 8 anos, levado pela mão do avô Ângelo, ainda no Derby Club, o hipódromo anterior ao da Gávea e que se situava onde hoje é o estádio do Maracanã, se iniciava a paixão do pai pelas corridas de cavalos. Foram muitos anos voltados para o turfe, seja assistindo corridas ao vivo, ouvindo rádio, lendo jornais ou vendo pela TV em época mais recente.

Aventuro-me a dizer que pouca gente no Brasil atingiu a marca expressiva de 85 anos ininterruptos de interesse pelo turfe. E meu pai apreciava tudo que se relacionava com cavalos de corrida. Conhecia a fundo o desempenho dos animais, jóqueis, tratadores, pistas preferidas, tempos obtidos, distâncias mais adequadas etc... Com essa gama de informações na cabeça, à primeira vista se tem a impressão de que suas apostas sempre davam lucros. Não foi bem assim! Creio mesmo ter mais perdido do que comparecido ao guichê para receber algum ganho com pules vencedoras. Todavia, em sua defesa, devemos nos lembrar que além das peripécias de corrida, às vezes jóqueis puxadores, treinadores desonestos e proprietários manipuladores influenciavam os resultados dos páreos. Para mim, só dois eram extremamente honestos, meu pai numa ponta e o cavalo na outra. O problema eram os outros envolvidos no esquema e aí a coisa pega.

Com todos esses óbices, ele adorava o turfe e quem quisesse vê-lo feliz da vida bastava entrar nesse papo. Eu, por saber mais detalhes do turfe que meus irmãos, aproveitava essa dica para deixá-lo bem contente nos inúmeros contatos que tivemos.

Outro prazer que meu pai desenvolveu no correr da vida foi fazer palavras cruzadas. Semanalmente se dirigia à banca da praça Carlos Gomes a fim de adquirir o exemplar mais recente do Coquetel e optava pela revista que mais o exigisse, com soluções difíceis. Sabia que teria enorme desafio pela frente, todavia não se intimidava e ia a fundo em suas pesquisas. Utilizando inclusive uma enciclopédia pela qual tinha grande carinho, liquidava do começo ao fim, palavras cruzadas, rébus etc.... Não sossegava enquanto não completasse tudo e em seguida partia logo para um novo número.

A meu ver, o preenchimento das palavras cruzadas e o estudo diário das corridas de cavalos mantiveram seu cérebro em constante atividade e por isso mesmo tivemos o privilégio de vê-lo esbanjando lucidez até sua morte.

Ainda com relação às palavras cruzadas, guardamos uma imagem que se perpetuará em nossa memória. Todas as vezes que íamos ao apartamento o encontrávamos deitado no sofá da sala fazendo aquilo que lhe dava prazer. À sua frente havia uma mesinha com dicionários, atlas geográfico, lápis, canetas, muitas das quais imprestáveis, tudo em perfeita desorganização, porém de fácil acesso. Nunca buscou o ISO 2000 para a arrumação, contudo se mostrava invariavelmente bem disposto e alegre com a presença de familiares e amigos.

Completando este relato, lembrei-me que meu pai, a partir da ascenção do voleibol brasileiro nos torneios internacionais, quando foi campeão olímpico, passou a ser um fã incondicional das partidas de vôlei envolvendo a seleção brasileira. Vibrava como gente jovem! Creio ter ressurgido nele lembranças da época que praticou , com destaque, esse esporte. Apesar da baixa estatura, por volta 1.65m, segundo soube foi um exímio levantador da equipe do Exército e fazia dupla com Sílvio de Magalhães Padilha, um grande atleta do passado, ex-presidente do COB e um tremendo cortador quando jovem.

Logicamente com a altura que tinha, mesmo sendo um excepcional atleta, hoje em dia não teria qualquer chance de praticar o voleibol com destaque em uma equipe de ponta. No presente, cabe também ao levantador participar do bloqueio e baixinho hoje em dia não tem vez. Esse esporte, dos mais atraentes, evoluiu muito nas últimas décadas.

Certamente nosso pai teve mais prazeres em sua vida, contudo no momento fico com os três citados.

Por Sylvio Barra

Wednesday, June 13, 2007

Dia de Santo Antonio


Nesta data em que se comemora entusiasticamente em todo Brasil o dia de Santo Antonio, nosso pensamento, como não podia deixar de ser, volta-se inteiramente para nossa mãe.

Ela, desde novinha identificada com o santo casamenteiro, realizava-se nesse dia, dedicando-se de corpo e alma aos festejos programados na Igreja do Senhor Bom Jesus. .

Cedinho, habitualmente acompanhada pelo nosso pai, assistia à missa com bastante fervor, rezando e agradecendo as bênçãos que o santo lhe concedia. .

Em seguida, como fazia tradicionalmente, ia atrás dos famosos pãezinhos bentos de Santo Antonio, guardando alguns e distribuindo outros a familiares. Fazia também doações em dinheiro a alguns pobres que costumam fervilhar nas entradas da Igreja e para não perder o hábito adquiria, junto às costureiras da Assistência Social, panos de prato em bom número, além das necessidades, que invariavelmente iam se acumulando anos seguidos nas prateleiras do apartamento onde morava. .

Assim era seu ritual. Voltava para casa de alma lavada, alegre, de bem com a vida, pois tinha se aproximado do seu santo de devoção.
A verdade é que atitudes simples como essa, deixavam-na feliz, certa de ter feito sua contribuição com amor às pessoas. .

Hoje fico penalizado por não tê-la acompanhado mais vezes nessa rotina de 13 de junho, contudo as poucas oportunidades que estive junto dela foram válidas e guardo com imenso carinho em minha memória. .
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Por Sylvio Barra

Tuesday, June 12, 2007

Coincidência do Tricô

Quando estava grávida do primeiro bebê, mamãe ia aprender tricô ( é possível que já o soubesse, mas arranjou alguém com quem praticar, ainda mais que moravam lá na Urca... ), para completar o enxovalzinho, com Dª Mimi, prendada esposa de um Coronel de Cavalaria que era parente de amigos da mãe, de Curitiba. Pois bem mais tarde relacionamos que o oficial, Joaquim, foi um tio-avô do Geraldo! Laços de família e de amizade antigos, não?
Por Gilda Barra

Sunday, June 10, 2007

Transferência para o CMRJ

Ao dar sequência ao tema lembranças dos pais, citarei um fato bastante significativo que marcou minha vida.
Em 1949, no meio do ano, meu pai foi transferido de Curitiba para o Rio de janeiro, a fim de servir na Diretoria de Ensino do Exército. Eu cursava naquela época o Colégio Estadual do Paraná e com a mudança fui matriculado no Colégio Militar do Rio de janeiro, no regime de internato, em razão da residência dos pais, no bairro da Glória, ser distante do CM, em São Francisco Xavier ( nos dias atuais o metrô tornaria tudo fácil ).

Ciente de que entraria em um dos melhores colégios da cidade,fiquei convencido de encontrar muita dificuldade para enfrentar o terceiro ano do ginásio, sabidamente um dos mais difíceis, e principalmente por iniciar no segundo semestre. Confesso ter ficado um tanto assustado.

Pois bem, no primeiro dia que lá estive, ainda acompanhado de meu pai, por acaso demos de cara com o comandante, na época Cel Jair Dantas Ribeiro, que mais à frente chegou a ser Ministro da Guerra. O homem tinha cara de poucos amigos e tão logo meu pai foi cumprimentá-lo, para atender às exigências dos regulamentos, foi curto e grosso, dizendo “ os alunos que vêm de fora dificilmente passam de ano”. Essa observação contundente e nada incentivadora em termos educacionais, foi prontamente rebatida pelo meu pai com a seguinte frase: Entendo Sr Cel, todavia não medirei esforços para meu filho conseguir passar de ano.

Na verdade, nesse momento ele simplesmente ratificou o compromisso que espontaneamente fizera comigo.

E assim foi! Diariamente, e por longo período, ele ao término do expediente na Diretoria do Ensino, ao invés de ir para a casa onde morava, tomava a direção do Colégio e de lá saia altas horas da noite, comprometendo seriamente o descanso a que teria direito. Só um pai amoroso e dedicado se proporia a ter uma conduta dessas. Muito lucrei com essa ajuda, recebi ensinamentos que valeram para a continuidade da vida e mesmo raspando a trave consegui superar o obstáculo. No ano seguinte, já melhor preparado, não tive tanta dificuldade.

Felizmente, sempre que as oportunidades surgiam, mostrava minha gratidão pela ajuda proporcionada e me considero privilegiado de ter um pai tão bondoso, determinado e amigo incondicional dos filhos e netos.


Para terminar este texto, torna-se importante citar que em momento algum ele estabeleceu qualquer tipo de cobrança, mas de minha parte retribuí com tudo que podia dar de mim. Nós dois fomos vitoriosos.Não foi fácil sair de um sistema de ensino menos exigente para outro bem mais difícil.
Por Sylvio Barra

"Lost in Translation"


Para iniciar minha participação, vou dar um enorme pulo ao passado, para citar um fato no mínimo engraçado. O ano era 1935, eu ainda não havia nascido e meu pai, à época tenente, cursava na Urca a Escola de Educação Física do Exército. Segundo soube por ele, o regime de trabalho era pesado e os exercícios físicos eram considerados extremamente extenuantes. Todos os alunos chegavam em casa cansadíssimos.

Por sua vez, vó Elza, em seu início de casamento, lá no Rio de Janeiro, procurava sempre escrever aos familiares em Curitiba para deixá-los a par das novidades. Pois bem, numa dessas cartas, que tomei conhecimento há uns dez anos, quando ambos eram vivos, uma única palavra mal interpretada causou enorme preocupação à minha avó, Dna Chiquita.

Em determinado trecho em que a vó Elza citava " Rubica ficou muito doído" ela numa confusão de mãe saudosa leu " Rubica ficou muito doido". Um simples acento lido de forma errada tumultuou a vida dela e a primeira reação foi de incredulidade e medo, pois custava imaginar o genro querido, sempre tão amável, passar a ser grosseiro com sua filha. O que fazer? Desfeito o equívoco através outras pessoas, todos deram boas gargalhadas e tudo terminou numa boa.

Por Sylvio Barra

Bem-vindos!


Olá!
Este é o blog que vai reunir lembranças e histórias sobre o casal Rubens e Elza Barra e seus descendentes. Espero que os queridos familiares contribuam ou acompanhem as novidades da página. Sintam-se à vontade para incluir comentários e enviar textos e fotos que possam ajudar a transformar este endereço em um destino virtual permanente para os filhos, netos e bisnetos do casal Barra. A idéia de começar a remontar o quebra-cabeça da trajetória dos meus avós surgiu durante rápidas férias no Rio de Janeiro com meus pais, onde conversamos bastante sobre as andanças da família.

Como hoje os descendentes de Rubens e Elza se espalham por várias cidades diferentes, a internet parece ser o meio perfeito de manter viva a memória da família e incentivar a comunicação de todos. Estamos em assembléia permanente! As primeiras lembranças vêm de animadas contribuições de Sylvio Barra. (Na foto, Rubens e Elza com Cristina no Rio de Janeiro)